Final do Projeto Saberes e Memórias

Texto: Guilherme Maffei Brandalise

Chegou ao final o Projeto Saberes e Memórias, uma parceria do Museu de História Julio de Castilhos (MHJC) e da Associação de Amigos do Museu Julio de Castilhos (AJUC), que conta com financiamento da Lei Paulo Gustavo (Edital SEDAC/LPG nº 10/2023).

Foi oferecido um curso em quatro módulos para jovens indígenas da região metropolitana sobre museus e patrimônio, com foco em mediação e diálogos interculturais. Logo que abriram as inscrições, tivemos mais inscritos do que esperado, demonstrando uma demanda para a formação de jovens indígenas na área da cultura. Ao todo, foram vinte e cinco (25) cursistas inscritos, de dez (10) aldeias de Porto Alegre, Viamão, Cachoeirinha, São Leopoldo e Barra do Ribeiro, sendo cinco (5) do povo Guarani Mbya e cinco (5) do povo Kaingang.

Os quatro módulos proporcionaram caminhadas que envolveram trocas e aprendizados entre os cursistas e a equipe do projeto. Além de promover a integração entre jovens indígenas de diferentes aldeias, trouxe eles para perto da rotina de um museu, e ao final, a ideia de museu para dentro das suas aldeias. No primeiro módulo, foi feito um curso dentro do museu sobre os principais conceitos de museu e patrimônio, além das rotinas de funcionamento da instituição, suas exposições e acervos. Essa etapa contou com formadores da equipe do museu e dois formadores indígenas. Na segunda etapa, os cursistas colocaram em prática o que aprenderam ao realizarem mediações nas exposições do MHJC para turmas indígenas e não-indígenas. No terceiro módulo, a turma retornou para duas aldeias para conversar com professores indígenas nos seus territórios, expandindo as reflexões dos módulos anteriores. Para o último módulo e finalização do curso, cada cursista apresentou um espaço de memória em sua aldeia para a equipe do museu, ficando como legado do projeto para as comunidades.

O projeto surgiu como uma proposta do MHJC e da AJUC para aprofundar as relações com as comunidades indígenas, já desenvolvidas nos últimos anos através da exposição Memória e Resistência, do Abril Indígena e outros eventos. Outro objetivo da formação para jovens indígenas foi poderem trabalhar a sua cultura com um público mais amplo, possibilitando uma fonte de renda que também valoriza internamente as culturas tradicionais, reforçando direitos já garantidos. Para além desses objetivos, o projeto aproximou povos diferentes, aproximou os cursistas dos estudantes de suas próprias aldeias, e deixou em cada uma um material que permanece e será utilizado em visitas de escolas, grupos de apoiadores e visitantes, fortalecendo os laços que permitem que as culturas indígenas vivam por muitas gerações.

A próxima fase é o lançamento de um e-book sobre todo esse processo, que vai contar com acessibilidade em formato de audiobook. Fique ligados nas redes do MHJC para acompanhar.



O Museu de História Julio de Castilhos e a Associação de Amigos do Museu Julio de Castilhos agradecem profundamente a todos que participaram desse projeto, especialmente os cursistas que persistiram no curso, apesar das dificuldades próprias da vida dos indígenas no ambiente urbano. Agradecemos também os formadores indígenas, Jerônimo Vherá Tupã, Jaime Vherá Guyrá, Dorvalino Refej Cardoso e Bruno Ferreira Kaingang; a equipe do MHJC, da AJUC, a contadora Santina e todos os prestadores que possibilitaram o projeto acontecer.