O Museu Julio de Castilhos, instituição da SEDAC, em dezembro, tem a estreia do novo espetáculo do grupo AUÊ com inspiração na tradição oral brasileira!
“A presença de qualquer ovo, até se a mão não lhe faz nada,
possui o dom de provocar certa reserva em qualquer sala.
O que é difícil de entender se se pensa na forma clara que tem um ovo,
e na franqueza de sua parede caiada.”
(João Cabral de Melo Neto)
OVO é um espetáculo cênico-musical, selecionado pelo Edital de Ocupação 2023 MJC, em que 31 mulheres, que compõem o grupo Auê, interpretam uma coleção de canções pesquisadas e recolhidas da imensidão produtiva e simbólica da tradição oral brasileira. São músicas que tratam de amor, de trabalho, de natureza, de morte, território, de disputa, de festa e de muito mais. Com elas -, trazemos nossa herança e nossas memórias, mas também nos compomos neste presente, pois cantar o Brasil profundo é uma posição política.
O espetáculo OVO é criação e produção coletiva do grupo Auê - que tem direção geral e orientação musical de Simone e Madalena Rasslan, com início em 2020. A orientação de movimento é de Gisela Habeyche que junto com Shirley Rosário dirige a cena, ambas cantoras no grupo. Os figurinos foram confeccionados pelas integrantes integrantes. Neles, estão aplicados objetos de memória afetiva de cada uma (aquele brinco da dinda, a cortina de crochê da mãe, os sapatinhos de louça trazidos de presente, um anel da avó, o bonequinho que era do pai…). Tudo produzido por concepção e sob orientação de Valquíria Cardoso.
As músicas são essencialmente vocais inspiradas no modo de cantar da tradição oral brasileira. Os arranjos recorrem ao uníssono e à terça paralela sem preconceitos, buscando suspender a forma “coral” em que as vozes estão divididas em grupos pré-definidos. Além disso, as melodias recebem acompanhamento realizado ora por teclado (Simone Rasslan), ora por flautas doces (Madalena Rasslan e Mariana Velhinho), por gaita (Mariana Velhinho) e por percussão (artista convidado: Yago Lima).
Serviço:
O que: Show OVO (grupo Auê)
Quando: dias 7 e 8 de dezembro
Horário: 19h
Duração: 50min
Local: Museu Julio de Castilhos (Rua Duque de Caxias, 1205 – Centro Histórico/POA).
Instagram: @aue_grupovocal
Cantoras: Simone Rasslan, Madalena Rasslan, Adriana Baptista, Adriana Duarte, Adriane Gonzalez, Ale Medeiros, Carla Colombo, Ceres Labrea, Cristina Raupp Oliveira, Eliane Villela Melecchi, Elis Martins Gonçalves, Eva Mothci, Gisela Habeyche, Ida Goldstein Chazan, Kayla Calistro, Leila Rechenberg, Leonor Moutinho, Maria Clara Adams, Mariana Vellinho, Marion da Costa Pegoraro, Marta Gomes, Rafaela Lima, Renata R. De Oliveira, Rosália Wagner, Sabrina Lindemann, Sandra Rodrigues, Shirley Santos Rosario, Teresa de Lucena, Tula Straccia.
Ficha técnica:
Direção musical: Madalena e Simone Rasslan
Direção cênica: Shirley Rosario e Gisela Habeyche
Figurino: Valquiria Cardoso - Orientação e concepção
Assistente de figurino: Adriana Porto Alegre
Confecção: grupo Auê
Luz: Carol Zimmer
Som: Álvaro RosaCosta
Cenário: Teresa de Lucena
Fotografia: Maria Clara Adams
Produção e Criação visual: Sabrina Lindemann e Madalena Rasslan
Assistência de Produção: Rosália Wagner
Divulgação: Juliana Barros
Mídias sociais: Anna Laura Labres
Instrumentistas:
Simone Rasslan (teclado)
Madalena Rasslan (flautas e percussão)
Mariana Vellinho (flautas e gaita)
Yago Lima (percussão)
Histórico do grupo Auê
O grupo foi criado em 2020, por Simone Rasslan, com o intuito de fazer um trabalho de educação musical tendo o corpo-voz como instrumento. Naquele ano, foram apenas dois encontros, e depois o trabalho foi suspenso por causa da pandemia. No ano seguinte, o trabalho foi retomado, porém no sistema remoto. Somente mulheres se interessaram em continuar, portanto, de uma maneira orgânica o grupo passou a ser feminino. Assim, nossos interesses também foram se moldando. Em 2022, novamente no presencial, começamos um trabalho de identificação e decisão coletiva de repertório, construção de dramaturgia a partir da canção, além de algumas apresentações pontuais em cafés, feiras e no final do ano no saguão do Teatro Renascença - Centro Municipal de Cultura. Assim surgiu o Grupo Auê, nome resultado da construção coletiva. A preparação musical/vocal do grupo sempre se deu a partir de músicas de tradição oral e domínio público, trazidas pelas orientadoras, Madalena e Simone. A partir de então, surgiu o interesse coletivo em pesquisar e produzir um espetáculo valorizando esse repertório. Começava a se desenhar o espetáculo OVO, cuja estreia acontecerá em 2023.
Repertório:
CANÇÃO DO OVO (Criação coletiva a partir de ideia de Sabrina Lindemann)
ALVORADINHA (Tradição oral - Caixeiras do Divino do Maranhão)
ARARINHA (Tradição oral - Doutrina de tambor da mata da tenda SãoJosé- Pirapemas/MA - ensinada por Manoel Batazeiro)
MINHA SABIÁ, MINHA ZABELÊ (Tradição oral - Grupo pavão dourado – Boa Vista – Serrinha/BA) WHAHANARARAI (Canto Indígena Kanamari – Povo Tukuna do Vale do Javari)
ARARUNA (Cantiga dos Índios Parakanã do Pará)
ARVOREDOS (Tradição oral – Côco – rec.por Mario de Andrade -1928.Informante: Chico Antônio.)
A LUA GIROU GIROU (Tradição oral – MG)
SEREIA DO MAR(Tradição oral – Melodia do Catimbó rec. por Mário de Andrade – 1928. Informante: Manuel dos Santos e João Germano)
AMOR COM GUERREIRO (Tradição oral –Baião de Princesas/ Casa Fanti Ashanti – São Luís/ MA)
TAPUIA JACARANDÁ (Tradição oral –Baião de Princesas/ Casa Fanti Ashanti – São Luís/ MA)
MANDEI CAIÁ (Tradição oral – batuque cantado por lavadeiras e roda de capoeira)
CANTIGA DE CAMINHO (Canto Vissungo – Recolhido por Aires da Mata 1928. Informante: João Tameirão)
CANTO DAS FIANDEIRAS (Tradição oral brasileira Canção de trabalho das fiandeiras de algodão da região de Sagarana, MG. Este tipo de música tem duas funções: dar forças para os trabalhadores e marcar o ritmo para que se organizem os movimentos no trabalho. Recolhido por Roberto Corrêa e Juliana Saenger).
HOJE CHOVE, AMANHÃ, SERENA (Tradição oral, Destaladeiras de Fumo de Arapiraca, informante Rosália Gomes dos Santos, recolhido por Renata Mattar)
PISA MORENA (Tradição oral – Kariri Xocó – Porto Real do Colégio – AL)
COBRA SALAMANTA (Tradição oral - toada da dança da mangaba de Altamira- MA)
LEVA EU, SAUDADE (Tradição oral - Cantiga das Destaladeiras de Fumo de Arapiraca - AL , recolhidos por Renata Mattar)
TÁ CAINDO FULÔ (Tradição oral - MG)