Cem anos da ocupação de Bento Gonçalves

 Guerra Civil Gaúcha de 1923 – As últimas incursões Assisistas (A Tomada de Pelotas e as Ocupações de Garibaldi e Bento Gonçalves em 03/11)


Há exatos cem anos, no dia 03/11/1923, acontecia a ocupação da cidade serrana de Bento Gonçalves pelas forças assisistas. Nos dias 29 e 31 de outubro, os Libertadores haviam tomado respectivamente Pelotas na região sul e ocupado Garibaldi, outra cidade da serra gaúcha. Estas foram as últimas ações do já enfraquecido exército “revolucionário”, uma tentativa quase desesperada de conseguir algum tipo de barganha nas negociações de paz intermediadas por Setembrino de Carvalho entre oposição e situação Borgista. O Rio Grande do Sul teve três grandes guerras civis importantes: a Farroupilha (1835-1845), a Federalista (1893-1895) e a Libertadora de 1923. A de 1923 foi a última guerra civil gaúcha, popularmente conhecida como “Revolução Libertadora”. O Rio Grande do Sul era liderado por Julio de Castilhos do Partido Republicano Rio-Grandense, que comandou o Estado por quase toda a República Velha, outorgando a constituição estadual de 1891. A oposição, representada pelo Partido Federalista do Rio Grande do Sul, tinha Gaspar Silveira Martins como líder. A tensão fez eclodir a Guerra Federalista de 1893/95, com vitória castilhista. Borges de Medeiros sucedeu Julio de Castilhos no comando do Estado até 1928. Nas eleições de 1922, a oposição lançou Assis Brasil à presidência do Estado. A previsível vitória de Borges nas eleições marcou o início das hostilidades. 

O dia da posse de Borges de Medeiros, em 25 de janeiro, coincidiu com o início do conflito. Com o passar dos meses, vários combates foram se sucedendo: os Sítios de Passo Fundo e Palmeira, as ocupações de Camaquã e Alegrete, o Sítio de Uruguaiana, a ocupação de Erechim, o combate de Santa Maria-Chico em Dom Pedrito, as ocupações de Bom Jesus e São Gabriel; os combates da Ponte do Ibirapuitã, do Desvio da Giareta, do Capão do Mandiju, do Canguçu Velho, e o combate de Quatro Irmãos. Na Tomada de São Francisco de Assis, em 2 de outubro, e no Combate de Carajazinho (17/10) sob comando de Honório Lemes, percebia-se que era evidente que os “revolucionários” não poderiam se manter no conflito por mais tempo, devido ao melhor aparelhamento bélico dos borgistas.

Visando uma saída honrosa, os Libertadores tomaram Pelotas em 29 de outubro de 1923 pelo general “revolucionário” Zeca Netto, mantendo a cidade sob seu controle por cerca de 6 horas. A reação governista sob o comando do Capitão Orlando Cruz liderando contingente governista logo se fez presente, obrigando os “revolucionários” a desocupar a cidade. Nos dias seguintes aconteceram as ocupações de Garibaldi e de Bento Gonçalves na serra. O Museu Julio de Castilhos está com uma exposição sobre o centenário dessa Guerra Civil Gaúcha – “Revolução Libertadora” de 1923.