Guerra Civil Gaúcha “Revolução Libertadora” de 1923 – O Sítio de Uruguaiana
A Guerra Civil Gaúcha, de 1923, conhecida popularmente como “Revolução Libertadora”, originou-se no início da República Brasileira durante as crises dos governos presidenciais de Deodoro da Fonseca (1889-1891) e de Floriano Peixoto (1891-1894). No Rio Grande do Sul, o Partido Republicano Rio-Grandense (pica-paus), liderado por Julio de Castilhos, que comandou o Estado por quase toda a República Velha, era defensor do positivismo e presidencialistas, com autonomia estadual. A oposição era representada pelo Partido Federalista do Rio Grande do Sul (maragatos), criado em 1892 por Gaspar Silveira Martins, com raízes monarquistas, parlamentaristas e defensores de uma revisão da constituição estadual. A tensão entre os dois grupos fez eclodir a Guerra Federalista de 1893/95, com vitória castilhista.
A consolidação dos republicanos coube a Borges de Medeiros, intervindo diretamente nas eleições locais por meio do voto a descoberto, além de controlar a Brigada Militar, governando de 1898 a 1908 e de 1913 a 1928, foi também eminência parda no governo Carlos Barbosa, de 1908 a 1913. Nas eleições de 1922, a oposição formou a Aliança Libertadora com vários segmentos da sociedade gaúcha e participação dos maragatos, sob a liderança e candidatura de Assis Brasil. A derrota eleitoral dos assisistas, que alegavam fraude, fez eclodir em 25/01/1923, dia da posse de Borges de Medeiros, uma guerra civil, a “Revolução Libertadora”. Os revoltosos acreditavam que receberiam apoio militar do governo federal, o que não aconteceu, apesar do governante gaúcho ter apoiado o oposicionista Nilo Peçanha na eleição para a presidência do Brasil, de 1922.
Entre os dias 3 a 6 de abril de 1923, o general rebelde Honório Lemes investiu suas forças sobre a cidade de Uruguaiana, que teve de suportar o cerco. A cidade foi defendida pela Guarda Republicana, organizada por Sérgio Ulrich de Oliveira e José Antônio Flores da Cunha, que era o Intendente do Município e comandante civil da localidade. Flores da Cunha e seus comandados deram combate a cavalo indo ao encontro da tropa de Honório Lemos, acontecendo troca de tiros até próximo à localidade do Cerrito. Foram construídas trincheiras improvisadas em todas as ruas sob o comando de Sérgio Ulrich de Oliveira. Os sitiantes tiveram seus esforços de invadir e conquistar Uruguaiana frustrados, retirando-se no dia 6 de abril de 1923. Diante da resistência aos revolucionários, a cidade de Uruguaiana pouco sofreu ao sítio, passando a ser cognominada como “Cidade Invicta”.
O Museu Julio de Castilhos está com uma exposição sobre o centenário desta Guerra Civil Gaúcha – “Revolução Libertadora” de 1923.