Sutilezas
do Protagonismo é a exposição temporária que abre neste Dia Internacional da Mulher, 08 de Março, pesquisada e pensada por Mariana Porto, integrante do corpo técnico do Museu Julio de Castilhos e acadêmica em História.
Para brindar este dia, nada melhor que suas palavras...
Sutilezas do Protagonismo
por Mariana Porto
Anos como coadjuvante dentro da
história, submissas avós, mães, filhas,
por anos sofrendo violências, muitas vezes em silêncio e abandonadas à própria
sorte, tendo que suportar o machismo social - exercido por homens E mulheres, eis
que em algum momento elas decidem dizer não, se negando a aceitar esse tipo de
ofensa e opressão.
A partir dos ideais de Simone de Beauvoir, com o seu manifesto sobre feminismo, o protagonismo e o que é ser
mulher, o papel das mulheres dentro da sociedade inicia uma jornada de mudanças
na busca por mais igualdade de gênero e socioeconômica.
Numa sociedade em que a mulher já conquistou
muitas vitórias como direito ao voto ou entrar no mercado de trabalho, a
igualdade de gênero real ainda não existe. Vemos um contexto em que mulheres
ganham 30% a menos e que ainda são questionadas pela sua capacidade de
trabalho, onde troca-se o reconhecimento do esforço de seu trabalho por
relações de sexualização.
Podemos enfatizar também que a luta
diária do feminismo é pelo fim da violência de gênero. No nosso país, segundo o
IPEA, a cada 10 minutos uma mulher é estuprada, e a cada 90 minutos uma mulher
é assassinada, e também segundo a Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo
Federal, a cada 12 segundos uma mulher é violentada. E isso ocorre pelo simples
fato de as mulheres serem mulheres. Já, ao contrário, nunca encontramos homens
sofrendo abusos diários por serem homens. Não é possível contrapor ser machista
ou feminista, pois o conceito de feminismo nunca será o contrário de machismo.
As feministas querem a igualdade na sociedade, diferente da ideia de oprimir o
outro gênero como ocorre com machismo.
No dia 08 de março, o dia da Mulher,
uma data marcada por lutas e greves realizadas
por mulheres que batalham por seus ideais, realiza-se uma exposição dedicada ao
tema. Um museu que, na sua grande maioria, relata a história de homens gaúchos abre
foco para a história da mulher, com doações feita por mulheres, e, apesar de
ser um pequeno recorte, os funcionários do museu, homens e mulheres,
acreditaram que se torna uma exposição muito importante, dentro do espaço Museu
Julio de Castilhos, por expandir a forma de contar a história de todos.
Para encerrar e propor reflexão, que
sutileza é essa que envolve esta mulher que tanto luta? A que custo se projeta
sua representação dentro do protagonismo histórico? Aplausos para aquelas que
nos antecederam e muita força para as tantas que dia a dia reafirmam posições e
estabelecem parâmetros mais justos para as futuras gerações.