Um Diálogo Centenário


Comunicar-se é uma necessidade na “era da informação”, a informação automática – a informática está aí, interligando a tudo e a todos, diminuindo as distâncias e alargando as possibilidades de compreensão da realidade e da formação de um novo olhar acerca da descentralização desta mesma informação, e da construção do conhecimento.
Ser compreendido e fazer-se compreender é hoje muito mais do que uma abertura de diálogo, mas sim uma necessidade humana, que de tal amplitude incide na fluência de mecanismos que sugestionam relatos orais e escritos. Como ressalta (PADILHA apud TUCHMAN, 2005. p.15) ao se referir sobre a história do livro “Os livros são os mensageiros da civilização”. Uma civilização de inúmeras histórias contadas e representadas também por simbologias e grafismos que vão dando origem a outras linguagens culturais.
Compreendendo estas questões, estes modos de saberes e de fazeres artísticos, o museu mais antigo do estado do Rio Grande do Sul, criado em 1903, o Museu Júlio de Castilhos, se desafia ao ampliar por meio de um blog, um nova ferramenta de comunicação e principalmente de debate, incidindo por meio de novas tecnologias, a informação e a elaboração de conteúdos que criem interface com a contemporaneidade, atribuindo a instituição neste contexto.
“O conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido. Para ter sentido a palavra necessita do texto, que é o próprio contexto, e o texto necessita do contexto no qual se enuncia. Desse modo, a palavra ‘amor’ muda de sentido no contexto religioso e no contexto profano, e uma declaração de amor não tem o mesmo sentido de verdade se é enunciada por um sedutor ou um seduzido.” (MORIN, 2001. p.36)


Este diálogo centenário que o Museu Júlio de Castilhos reforça cotidianamente com a sociedade gaúcha, é um esforço de demonstrar a multiplicidade de ações, e a sua capacidade de renovação frente aos desafios que se apresentam. Uma tarefa de recriar-se, de um conhecimento que vem, advém e perpassa nosso caminho, sendo determinantes na elaboração de novos mecanismos para compreensão de leituras e releituras de cenários, de realidades, de identidades e de outras possibilidades de reconhecimento e de transversalidade.
Então o blog se apresenta como um fomento a este ideário, a esta formulação de se readequar perante aos dialogos interculturais, seja na utilização de novas ferramentas, seja nas linguagens com os diversos públicos, e até mesmo frente as novas formas de interação.
Um diálogo centenário, que pretende ampliar e estar cada vez mais a serviço da comunidade gaúcha, de estabelecer uma dialética transformadora, num sentido de produzir conhecimento e principalmente difundi-lo, para que sabendo fazer se aprenda, e que se aprendendo se faça. Uma troca de experiências entre blog e leitor, entre museu e sociedade, entre cultura e comunidade.
Outrora, a construção de conhecimento é reafirmada por Alvin Toffler no site (MEIAPALAVRA, 2009) “Os analfabetos no século XXI não serão os que não souberem ler ou escrever, mas o que não souberem aprender, desaprender e reaprender”, configurando todo o processo de mudanças que o século XXI estabelece aos seus contemporâneos.

Joel Santana
Diretor do Museu Júlio de Castilhos
Referências Bibliográficas.

MEIAPALAVRA. As Transformações do Livro. Disponivel em: <http://www.meiapalavra.com.br/ showthread.php?tid=2694>. Acesso em 10 de novembro de 2009.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
PADILHA, Sérgio de Laforet. Os Livros: Breve Abordagem. Porto Alegre. Evangraf. 2005