Início do Projeto Saberes e Memórias: interlocução museu-aldeias

Por MHJC/Letícia Heinzelmann
O Museu de História Julio de Castilhos (MHJC), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), e a Associação dos Amigos do Museu Julio de Castilhos (AJUC), por meio da Lei Paulo Gustavo, deram início ao “Projeto Saberes e Memórias: interlocução museu-aldeias”. A formação de 25 mediadores culturais é exclusiva para indígenas de Porto Alegre e Região Metropolitana, e oferece bolsa aos estudantes. Participam alunos Kaingang e Mbyá-Guarani de dez aldeias.


Pela manhã, os bolsistas foram recebidos pela diretora do Museu, Doris Couto, tiveram noções de patrimônio e mediação e fizeram uma visita guiada à exposição "Memória e Resistência". À tarde, assistiram à palestra "Museu, memória e conhecimento na perspectiva indígena", de Bruno Ferreira Kaingang, primeiro professor e doutor indígena formado pela UFRGS.

 
Bruno entende que esta formação é importante para os estudantes perceberem como se dá a disputa da memória nas cidades, a começar pelos próprios nomes de indígenas, herdados dos colonizadores. "O curso ajuda a formar mediadores que percebam essas diferenças de olhar e valorizem seus modos de vida, ideias, conhecimentos ao receber visitantes nas terras indígenas", declara.


Para a aluna Luana da Silva, da aldeia Tupe Pën, de Porto Alegre, esta formação facilita trocas entre indígenas e não indígenas. "A gente consegue aprender como os não indígenas percebem nossa maneira de ser dentro do território, e aprender como podemos também ensinar a eles sobre nossa cultura e ancestralidade. E, assim, ensinar a nos respeitar", avalia.


O primeiro módulo do projeto segue até quinta-feira (17), com outras aulas e atividades de saída de campo. A troca de saberes terá outros três encontros, em dezembro, fevereiro e abril. O objetivo é, além de qualificar o trabalho do Museu, que tem em uma de suas principais exposições, “Memória e Resistência”, proporcionar formação capacitada, que possa favorecer iniciativas que valorizam a cultura, os conhecimentos tradicionais e os patrimônios indígenas, fortalecendo as comunidades e gerando fontes de renda alternativas.