Encerra primeiro módulo com saída de campo


“Saberes e Memórias” encerra primeiro módulo com saídas de campo em Porto Alegre
O Museu de História Julio de Castilhos (MHJC), uma instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), e a Associação dos Amigos do Museu Julio de Castilhos (AJUC) encerraram o primeiro módulo do “Projeto Saberes e Memórias: interlocução museu-aldeias”. Ao longo da semana, 25 bolsistas indígenas participaram de atividades de formação em memória e patrimônio. O curso de mediação cultural é exclusivo para indígenas da Grande Porto Alegre, e oferece bolsas aos estudantes, através da Lei Paulo Gustavo.
Além da equipe do Museu, ministraram aulas para a turma os professores Bruno Ferreira Kaingang, primeiro doutor e docente indígena da UFRGS, e Gerônimo Morinico Franco, escritor, ilustrador e professor na aldeia Mbyá-Guarani Yvy Poty, de Barra do Ribeiro. Ele exaltou a iniciativa, lembrando que antigamente não havia muitas formações voltadas aos indígenas. “O estudo tem papel importante, pois além de trazer aprendizados e conhecimentos, fortalece a cultura e a história. É uma oportunidade que se abre a estes jovens, que poderão transmitir os ensinamentos e se organizar para falar sobre seu povo”, avaliou Gerônimo.

Entre os exercícios propostos, os alunos visitaram a exposição "Memória e Resistência" e elaboraram sugestões a partir de suas experiências e visões de mundo para a comunicação da mostra ao público. "A mensagem que deve estar presente é sobre o lugar do indígena hoje, que pode ser tudo aquilo que existe entre os não indígenas. Pois sempre questionam sobre nosso uso da tecnologia ou nossa presença nos espaços. Querem congelar nossa cultura, nos deixar de lado, no passado", ponderou Adriano Costa Duarte, da aldeia Tekoa Nhe’engatu, de Viamão.
O primeiro módulo encerrou nesta quinta-feira (17), com saídas de campo pelo Centro Histórico e para a Casa do Estudante Indígena (CEI) da UFRGS. Participam da formação alunos Kaingang e Mbyá-Guarani de dez aldeias. Eles voltam a se encontrar no MHJC nos próximos módulos, em dezembro deste ano e fevereiro de 2025. Em abril, a equipe do Museu visitará as aldeias, para observar como foram desenvolvidos projetos de mediação e cartografia dos territórios. O objetivo da troca de saberes é, além de qualificar o trabalho do Museu, especialmente em relação à exposição "Memória e Resistência", proporcionar formação capacitada, que possa favorecer iniciativas que valorizam a cultura, os conhecimentos tradicionais e os patrimônios indígenas, fortalecendo as comunidades e gerando fontes de renda alternativas.
Texto: Letícia Heinzelmann Fotos: Letícia e Monica Wiggers