A Balaiada e as Revoltas Provinciais

O período conhecido como Regencial iniciou com a abdicação de D. Pedro I, em 1831, finalizado com a coroação de D. Pedro II, em 1840. Este período foi marcado por revoltas provinciais e a regência teve ameaçada a unidade do Império Brasileiro. De norte a sul, os ideais republicanos rapidamente se espalharam, questões locais motivaram as revoltas nas províncias com destaques para a Guerra Farroupilha, no Rio Grande do Sul, a Sabinada, na Bahia, a Cabanagem, no Pará e a Balaiada, no Maranhão. Neste último, o domínio entre os partidos da elite, que era constituído por fazendeiros que utilizavam a violência para atingirem seus objetivos políticos e econômicos, acentuou a marginalização social, principalmente de negros e indígenas.

Duque de Caxias liderou tropas do Império que reprimiram o levante 

Pintura de Johann Moritz Rugendas

As elites estavam representadas em dois partidos, os conservadores conhecidos por Cabanos (não confundir com os cabanos da Revolta popular do Pará) e os liberais denominados Bem-te-vis (nome derivado do jornal O Bem- te-vi). No início da regência do padre Diogo Feijó, o Maranhão foi comandado pelos liberais (Bem-te-vis). Após a renúncia de Feijó e da ascensão de Araújo Lima como novo regente, os conservadores (Cabanos) passaram a controlar a província. A alternância no poder entre as elites não favorecia a população pobre, fazendo crescer a insatisfação popular. O estopim da revolta aconteceu em 13/12/1838, quando o líder do movimento, o vaqueiro Raimundo Gomes, invadiu a prisão de Vila Manga libertando seu irmão e todos os outros presos. O conflito, a princípio, contou com o apoio dos bem-te-vis, que viram a oportunidade de enfraquecer os cabanos no poder do Maranhão. Com a adesão de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, conhecido como Balaio, por produzir cestos de palha, e de Cosme Negro, um negro liberto, a partir de 1839, a balaiada tornou-se um conflito popular obtendo conquistas, como a tomada da Vila de Caxias, organizando uma Junta Provisória.

Temendo que a revolta se radicalizasse demais por causa da participação popular, os bem-te-vis se aliaram aos conservadores. O governo maranhense organizou suas forças militares, com apoio de militares de outras províncias combatendo os balaios. Luís Alves Lima e Silva (futuro Duque de Caxias) foi nomeado pelo Império como governador da província com o objetivo de pacificar a revolta, utilizando-se do suborno de rebeldes como um método de enfraquecimento e desmoralização do movimento, reconquistando a Vila de Caxias. Após essa derrota, Raimundo Gomes se entregou às tropas oficiais.

Em 1841, muitos balaios se renderam ao governo. Com a prisão e enforcamento do líder Cosme Bento, foi encerrada a revolta popular.

A Balaiada, assim como a Guerra Farroupilha, foi um dos mais importantes conflitos do período regencial. O Museu Julio de Castilhos possui em seu
acervo objetos do período regencial em especial da Guerra dos Farrapos.