Guerra Civil Gaúcha de 1923

O Armistício  - Protocolo de Porto Alegre de 10/11/1923 e as Negociações de Bagé.

O esgotamento das forças Assisistas era evidente mesmo durante as últimas incursões com a Tomada de Pelotas, em 29 de outubro, e as Ocupações de Garibaldi e Bento Gonçalves, respectivamente nos dias 31 de outubro e 3 de novembro. Estas foram as últimas ações do já enfraquecido exército “revolucionário”, uma tentativa quase desesperada de conseguir algum tipo de barganha nas negociações de paz intermediadas por Setembrino de Carvalho entre a oposição e a situação Borgista.

O governo federal indicou o general Setembrino de Carvalho, ministro da guerra, como intermediador para as negociações de um armistício e de um tratado que visasse a pacificação do Rio Grande do Sul. Setembrino de Carvalho chegou à capital gaúcha em 1º de novembro, com o objetivo de iniciar um diálogo com o presidente do Estado. O clima tenso existente em Porto Alegre levou à eclosão de um conflito entre Borgistas e Assisistas, na esquina da rua Caldas Junior com a Praça da Alfândega, com disparo de arma de fogo seguido de um tiroteio que resultou em sete civis mortos e 73 feridos.

Setembrino de Carvalho foi hábil nas negociações de um armistício com um cessar fogo entrando em vigor a partir das 12 horas do dia 7 de novembro. No dia 10, assinou-se um protocolo de intenções que representou algum avanço nas negociações, embora Borges continuasse resistindo à reforma do artigo 10 da constituição estadual, no sentido de fixar a eleição dos vices-presidentes. O avanço foi o banimento das reeleições presidenciais, prometendo inclusive uma reforma judiciária, limitando os casos de nomeação de intendentes provisórios, entre outros.


Do protocolo de Porto Alegre iniciou-se, a partir de 15 de novembro, o que ficou conhecido como as “negociações de Bagé” entre os emissários do Presidente do Brasil, Arhur Bernardes, e os chefes rebeldes. Em 18 de novembro, Assis Brasil apresentou uma contraproposta que contemplava os interesses dos chefes mais radicais, que Setembrino de Carvalho sabia ser inaceitável por Borges, uma vez que estes chefes rebeldes exigiam a renúncia do presidente do Estado. O próprio Assis não era favorável a esta proposta e trabalhou em uma fórmula mais conciliatória em que Borges permaneceria no cargo até o fim de seu mandato e, após este, não poderia concorrer novamente.

Foram mais de 30 dias de negociações tensas e nada fáceis para que fosse assinado o Tratado de Pedras Altas, em 14 de dezembro, totalizando quase onze meses daquela que foi a ultima guerra civil gaúcha.

O Museu Julio de Castilhos está com uma exposição sobre o centenário dessa Guerra Civil Gaúcha – “Revolução Libertadora” de 1923.