A Salamanca do Jarau, de Luis Cosme

 “A Salamanca do Jarau” de Luis Cosme – 16 outubro de 1936

Luis Cosme, músico, compositor e professor gaúcho, nasceu em Porto Alegre em 09/03/1908, e faleceu em 13/07/1965, na cidade do Rio de Janeiro, RJ. Nos anos 1920, trabalhou em salas de cinema como violinista, no tempo do cinema mudo. 

Estudou música no Conservatório de Ohio, nos EUA, aprimorando-se no violino e em composição, se tornou  spalla  da Orquestra do Conservatório de Cincinnati, depois foi para Paris, tendo contato com a vanguarda musical parisiense, vindo posteriormente a escrever obras dodecafônicas. Retornou à capital gaúcha em 1930, passando a lecionar no Instituto Musical de Porto Alegre e no Colégio Metodista Americano. 

Em 1935 compôs sua mais famosa obra, o poema sinfônico “A Salamanca do Jarau”, que conforme Fernando Mattos (1997) estreou em 16/10/1936, executada pela Orquestra do Theatro Municipal, regida por Villa-Lobos. Trata-se de uma peça original com uma orquestração extraordinária que sintetiza elementos regionalistas e universais com uma linguagem harmônica moderna, dialogando também com a musicalidade de Villa-Lobos, cimentando um estilo próprio.

O poema sinfônico “A Salamanca do Jarau” tem sua composição baseada no conto homônimo de Simões Lopes Neto. A primeira parte, denominada “Introdução e o Desencantamento”, faz referência apenas à sétima parte do conto de Lopes Neto, quando são narradas as sete provas pelas quais Blau Nunes tem de passar dentro de uma furna, a fim de desencantar os outros personagens do conto, o Santão e a princesa moura, transformada em Teiniaguá (lagartixa). A introdução apresenta o motivo condutor da obra, uma toada folclórica o “Boi Barroso”, que Blau Nunes canta enquanto busca Teiniaguá pelo Cerro do Jarau. Outro tema recorrente da peça é a “Oração à Teiniaguá”, que aparece junto da peça “Sacy Pererê”, ambos compostos em 1932 para violino e piano, utilizados em “Tropa de Anões”. A composição tem alguma influência da “Sagração da Primavera” de Igor Stravinsky, de quem Luiz Cosme considerava "o maior compositor vivo" daquele momento. A obra foi gravada em disco pela primeira vez em 1961, pela Orquestra Nacional da Rádio MEC.

A Salamanca do Jarau de Luiz Cosme (gravação de 1961)

I. Introdução - No Rastro do Boi Barroso (0:00 - 4:50)

II. Assombração (4:50 - 7:57)

III. Jaguares e Pumas (7:57 - 9:07)

IV. Dança dos Esqueletos (9:07 - 10:58)

V. Línguas de Fogo (9:07 - 12:32)

VI. A Boicininga (12:32 - 14:42)

VII. Ronda de Moças (14:42 - 17:46)

VIII. Tropa de Anões (17:47 - 19:25)

IX. Desencantamento (19:25 - 23:42)

Ouça esta gravação no link https://www.youtube.com/watch?v=9IUmwdHlAWs&t=3s

O Museu Julio de Castilhos possui um acervo com instrumentos musicais, como violino, cítaras, acordeões, sopapo, uma viola boliviana, maracás indígenas, entre outros.