Guerra Farroupilha, 20 de setembro de 1835


A Guerra Farroupilha foi o conflito de maior duração da história do Brasil, tendo

acontecido entre 20/09/1835 e 01/03/1845. A independência do Brasil

estabelecia uma centralização política pelo Império Brasileiro. As elites

gaúchas formadas por estancieiros e charqueadores, criadores de gado,

tinham como principal produto o charque, que era revendido para as províncias

do Sudeste como alimento, sendo distribuído para os escravizados. Eram

influenciadas pelas ideias liberais, de soberania e federalismo, divergindo da

Constituição de 1824 que dava ao Império atribuições de decidir quanto cada

província pagaria de imposto, além da alta carga tributária gerando

insatisfação. Havia pressão de São Paulo sobre o Rio Grande do Sul em

virtude dos preços do charque. Os gaúchos queriam a redução do imposto do

charque de 15% para 5%, e o fim das limitações para a locomoção do gado do

Uruguai para o Brasil (muitos estancieiros gaúchos tinham propriedades no

Uruguai). A situação agravou-se, pois o charque uruguaio e argentino tinha

uma taxação mais baixa que a gaúcha, tornando o produto estrangeiro mais

atraente para o mercado nacional.

A eclosão do conflito teve influência da independência do Uruguai na Guerra da

Cisplatina, que se separou do Brasil servindo de exemplo para uma maior

liberdade e autonomia, incentivando a ideia de separação da província do

Império Brasileiro. O início do conflito aconteceu em 20/09/1835, quando Porto

Alegre foi atacada pelas forças farroupilhas comandadas por Bento Gonçalves.

Em 11/09/1836, foi proclamada a República Rio-Grandense e, em 1839, a

República Juliana no atual estado de Santa Catarina.

Com a nomeação de Luiz Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias) para

o comando das tropas imperiais, em 1842, o curso da guerra mudou com o

enfraquecimento das forças gaúchas. O fim do conflito, em 1845, aconteceu

quando os farroupilhas aceitaram o acordo oferecido por Caxias com o perdão

para quem tivesse se engajado na revolta, e integrados ao exército imperial,

mantendo as suas patentes e a reintegração da província ao Brasil.

Durante as negociações de paz, surgiu o impasse sobre a questão da abolição

dos escravizados. O Império era contrário à liberdade concedida aos negros

farroupilhas. O massacre de Porongos, em 14/11/1844, supostamente um

ataque de surpresa pelas tropas imperiais lideradas por Moringue, liquidou os

lanceiros negros das tropas de David Canabarro. Vários historiadores apontam

evidências de que esse ataque tenha sido um acordo entre os líderes farrapos

e o Império, como uma forma encontrada para lidar com essa questão.

O MJC possui um grande acervo da Guerra Farroupilha do qual destacamos o

quadro “Carga de Cavalaria Farroupilha”, de Guilherme Litran, de 1893.