O dia 7 de fevereiro marca o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. A data relembra o ano de 1756, quando o cacique Sepé Tiaraju, importante liderança indígena dos Sete Povos das Missões, na Guerra Guaranítica contra os portugueses e espanhóis, faleceu.
Antes da chegada dos europeus nas Américas, habitavam o continente diversos povos originários. Segundo estudos atualizados, em 1491 o hemisfério americano tinha uma população entre 90 milhões e 112 milhões de indígenas. Só no atual território brasileiro, viviam mais 12 milhões. O processo histórico de construção desses povos tem apontado que eles conviviam entre si, conheciam-se uns aos outros. Apesar das grandes distâncias, compartilhavam vários aspectos culturais, sociais, isso se dava devido aos grandes sistemas de caminhos e estradas ramificados entre o Pacífico e o Atlântico (Capac-ñans, Peabiru, Mairapé e Nhamíni-wi, entre outros), além do uso das vias fluviais das grandes bacias hidrográficas Amazônica, Orinoco, São Francisco, Tocantins- Araguaia, Paraná e Prata como rotas de deslocamento.
Contatos entre as civilizações pré-Incas, Incas e Amazônicas (Mojos, Omáguas, Tapajônicos, Xinguanos, Marajoaras) realizavam um intenso comércio plumário por meio das rotas e de um sistema de trocas, além da disseminação da terra preta de índio, um tipo de solo antrópico rico em compostos orgânicos.
Deslocamentos e migrações, em especial a dos Tupis-guaranis em busca da terra sem mal, podem ter promovido uma grande movimentação de povos, contribuindo na disseminação de mitos ou lendas, como Pay Sumé e Gran Paititi, este podendo ter um protótipo histórico. A chegada dos europeus nas Américas destruiu o mundo indígena pré-colombiano, através das guerras de conquista, do roubo de suas terras, doenças e evangelização forçada, além da implantação da colonização europeia. Isso não aconteceu sem luta e resistência indígena.
No sul do Brasil, em 07/02/1756, os indígenas lutaram contra o Tratado de Madri, que dividia os territórios localizados atualmente no centro-leste do Paraguai, noroeste da Argentina, Sul do Brasil e norte do Uruguai entre portugueses e espanhóis. O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas foi instituído pela Lei n° 11.696, de 2008. Passados quase 300 anos da morte de Sepé, a luta pelo direito à terra, ao reconhecimento e ao respeito de suas culturas se intensifica. O MJC possui em seu acervo indígena diversos objetos dos quais destacamos as Máscaras Kalapalo, a pegada do Pay Sumé, o Leque de Penas, a Boleadeira Mamilar e o tambor Wari como exemplos de uma antiga integração cultural antes da chegada dos europeus.