TAMBOR SOPAPO E O PATRÍMÔNIO IMATERIAL NO MUSEU


 Tambor Sopapo se tornará patrimônio imaterial de Pelotas e Museu Julio receberá um tambor, que será incorporado ao acervo.

A próxima sexta-feira (13) será um dia histórico para a cultura do povo negro no RS. Em Pelotas, a prefeita Paula Mascarenhas sancionará a Lei 9615/21, que declara o Tambor Sopapo Patrimônio Imaterial da cidade. No ato estarão presentes a secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, e a diretora do Museu Julio de Castilhos, instituição da Sedac, Doris Couto.
Na ocasião, o Museu Julio receberá, de José Batista (projetista dos Sopapos do Projeto CaBoBu, luthier e músico), um Tambor Sopapo que será incorporado ao acervo do museu por meio do processo de musealização – como é chamado o ingresso de uma peça em uma instituição museológica.
Vale lembrar que apesar de ser o museu mais antigo do Estado e com um acervo de aproximadamente 10 mil itens, as peças vinculadas à cultura negra, no Museu Julio de Castilhos, se limitam a poucas fotografias. Fazem parte do acervo duas telas: uma de Aurélio Veríssimo de Bittencourt, político negro que atuou no Partido Republicano ao lado de Julio de Castilhos; e outra do Maestro Mendanha, autor do Hino Rio-Grandense; além de uma coleção de leques de Isaura Bittencourt, uma cadeira de arruar e um conjunto significativo de peças de tortura dos escravizados.
“Receber o Tambor Sopapo com toda a história que esse tipo de instrumento teve nas charqueadas, na Pelotas do século 19 e, posteriormente, no carnaval da cidade, e a partir do Projeto CaBoBu, liderado pelo músico percussionista Giba Giba, configura-se como signo de resistência e elo das pessoas negras com sua pátria-mãe, a África”, destaca a diretora do museu Julio de Castilhos, Doris Couto, que complementa: “significa permitir a ressonância da luta do povo negro gaúcho pelo direito à vida e à dignidade que a escravização lhes subtraiu.”
“Os museus, de modo geral, musealizam artefatos e objetos vinculados às elites. Nesse sentido, estaremos promovendo uma reparação histórica com a admissão do Sopapo produzido por José Batista, que foi um artífice fundamental no desenvolvimento dos sopapos por meio do Projeto CaBoBu, criado pelo músico Giba Giba”, analisa a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.
Giba Giba [Pelotas, 1940 - Porto Alegre, 2014], na década de 1990, reintroduziu o grande tambor, com todos os seus significados e ressonâncias na cultura pelotense.
Instrução Normativa 01/2021
Nesta quarta-feira (11) foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOERS) a Instrução Normativa (IN) Nº 01/2021, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), que estabelece os procedimentos necessários ao Registro de Patrimônio Cultural Imaterial.
Na IN, estão previstos os ritos e formas de solicitação, bem como documentação para a instrução do pedido de reconhecimento, passando assim a estabelecer regras claras, prazos e o conjunto de informações a serem encaminhados ao Órgão.
O ingresso do Sopapo no Acervo do MJC foi aprovado por maioria dos membros da Comissão Especial de Gestão de Acervos do Museu, a quem compete deliberar sobre a admissibilidade de peças na coleção, cuja análise se baseia em critérios técnicos e impacto das peças nas coleções, bem como seu estado de conservação.
Em novembro, o Museu Julio trará a público o Sopapo que receberá em Pelotas, em uma exposição que apresentará a história e o acervo de Giba Giba, que se confundem com a própria história mais recente do instrumento.
Por ASCOM SEDAC com colaboração de DORIS COUTO DIRETORA MJC E MUSEÓLOGA
Foto: Acervo gab. vereador Paulo Coitinho