Museu Júlio, Sentimentos da Memória


Nessas “mal traçadas linhas” venho trazer um pouco do que senti quando conheci o Museu Julio de Castilhos, na verdade revê-lo, pois já o conhecia da infância numa visita de escola, hoje entretanto, adulta, com maior conhecimento do mundo e como profissional da Instituição retorno a este local com uma visão mais atenta do que eu poderia prever.
Sem consideramos aqui algumas questões específicas e técnicas da museologia em que o Museu está inserido, suas delimitações, sua expografia, bem como algumas mudanças que se fazem necessárias, deixemo-nos levar por um olhar mais sensível e poético que nos envolve nesta mescla de ontem, hoje a amanhã.
Ao adentrarmos o Museu Julio de Castilhos e caminharmos por suas dependências temos através de seus objetos a possibilidade de viajarmos no tempo, viagem esta que nos permite a nossa imaginação. Quantas vidas, quantos personagens; quantas histórias; quantas ideias e ideais; quantos momentos já vividos de grande felicidade ou imensa tristeza talvez.
A inteligência transformada em obras esculpidas pelas mãos puras e ingênuas de um povo; utensílios que significam a sobrevivência e outros a demonstração da força e do poder; a representação da intimidade; dos costumes, da fé, do orgulho de seus fazeres e bravura; de alguns privilégios; de pensamentos perenizados pela escrita ou mesmo a melancolia de alguns pesados dissabores já sofridos também.
Cada sala nos remete a um tempo, uma vivência, uma luta, um ensinamento, um sofrimento, uma idealização, enfim, a representatividade do que já passou, mas que nem por isso perdem valor, pois são testemunhos fiéis da memória e seus acontecimentos mais marcantes.
Neste tocante o Museu nos traz além do conhecimento de alguns fatos históricos uma gama de sentimentos e emoções que podemos experimentar em cada uma de suas salas expositivas. Com olhar atento e coração aberto podemos sentir a energia dos momentos passados, momentos estes que nos levam a refletir sobre atitudes no presente e outras representações que serão deixadas para o futuro.

Vanessa Becker
Arquivista do Museu Julio Castilhos.